Alcide de Gaspari foi um dos maiores políticos do século XX. Nascido na região do Trentino, Itália, em 1881, De Gasperi promoveu repetidas iniciativas para a unificação da Europa Ocidental, colaborando na realização do Plano Marshall, conhecido oficialmente como Programa de Recuperação Europeia, principal plano dos Estados Unidos para a reconstrução dos países aliados da Europa nos anos seguintes à Segunda Guerra Mundial, e criando estreitos laços econômicos com outros países europeus, em especial com a França. Apoiou ainda o Plano Schuman para a fundação da Comunidade Europeia do Carvão e do Aço e contribuiu para desenvolver a ideia de uma política europeia comum de defesa.
Católico fervoroso, De Gaspari apoiou os esforços do Vaticano para conseguir uma paz negociada e colocar um fim à primeira guerra mundial em 1918. No mesmo ano De Gasperi figura como co-fundador do Partido Popular Italiano (Partito Popolare Italiano – PPI), pelo qual é eleito deputado em 1921.
Porém, com o aumento do poder dos fascistas no governo de coligação liderado por Mussolini, que recorrem abertamente à violência e à intimidação contra o PPI, o partido é ilegalizado e dissolvido em 1926. De Gasperi é preso em 1927 e condenado a quatro anos de prisão.
Sua prisão durou 18 meses. Ele foi libertado graças à intervenção do Vaticano, que lhe concede asilo e onde trabalha 14 anos como bibliotecário da Santa Sé.
Quando eclodiu a Segunda Guerra Mundial, em 1939, ele foi um dos mais ativos na resistência contra o fascismo. Foi durante esse conflito que ele escreveu o texto chamado “Ideias para a Reconstrução”, onde foram colocados os ideais que inspiraram o manifesto para a fundação do Partido da Democracia Cristã, que ocorreu secretamente em 1943.
Após o colapso do fascismo, De Gasperi mantém-se na liderança do partido e assume o cargo de Primeiro-Ministro italiano entre 1945 e 1953, em oito governos consecutivos.
Alcide De Gasperi defendia que a Segunda Guerra Mundial tinha ensinado a todos os europeus que “o futuro não seria construído através da força, nem do desejo de conquista, mas sim mediante a aplicação paciente do método democrático, o espírito construtivo da concórdia e o respeito pela liberdade”.
Foram estas as palavras que proferiu ao receber, em 1952, o premio Carlos Magno pelo seu empenho na defesa da causa europeia. Esta visão explica a sua rápida resposta ao apelo feito por Robert Schuman a 9 de maio de 1950 em prol de uma Europa integrada.
Durante as primeiras etapas do caminho para a integração europeia, Alcide De Gasperi desempenha o papel de mediador entre a Alemanha e a França, que tinham estado divididas por quase um século de guerra. Nos últimos anos da sua vida ele é também uma força inspiradora no processo de criação da Comunidade Econômica Europeia. Embora ele não tenha vivido o suficiente para ver a sua concretização, sua contribuição foi amplamente reconhecida por ocasião da assinatura dos tratados de Roma, em 1957.
Alcide De Gasperi morreu em agosto de 1954, no Trentino, sua amada região italiana.
Por toda sua imensa contribuição política para a Democracia, a paz e a reconstrução europeia, Alcide De Gaspari ficou conhecido como um dos “pais da Europa moderna”.